Precisamos falar sobre dinheiro. Aqui e agora, hoje, não amanhã. Caso contrário, alguém vai definir o seu preço por você. Hoje nós vamos falar sobre como precificar o seu trabalho de forma justa.
Nesse artigo você vai entender...
Como precificar um produto ou serviço. O que é justo, de fato.
Já aviso que o conteúdo desse texto é completo, pra você não sair de mãos vazias, então aproveite cada linha.
Há meses atrás, convidei a Lai, educadora financeira com uma pegada bem consciente e sustentável, para falar sobre isso em uma live no Instagram, esse texto tem fortes contribuição de Lai, viu? Por isso, busque saber mais e conheça o trabalho dela: @oxentelai
Antes de tudo, você sabe qual é a diferença entre valor e preço?
Valor é o que você entrega: a qualidade do seu produto / serviço, a forma como você entrega, uma comunicação coerente e redondinha, uma integração entre todos os aspectos e pontos de contato, etc etc etc
O preço é o quanto você vai cobrar por isso tudo. O objetivo é encontrar um número que esteja alinhado com o valor que você entrega e que seja justo.
Eu sei, eu sei que você faz um trabalho de valor inestimável, porque tem muita dedicação envolvida e é difícil colocar um preço que pareça justo.
Mas precisamos equilibrar valor e preço sempre e ter um pé no chão também para entender o quanto o público está disposto a pagar por isso. É aí que entra a pesquisa de mercado, porque fazer negócios não é olhar apenas para o próprio umbigo.
Como fazer uma precificação justa
Preço justo é relativo, incluindo o mercado e a opinião, porém alguns pontos são necessários para levar em conta:
Os funcionários / colaboradores (mesmo que seja apenas você) recebem um salário equilibrado com o que eles trabalham?
O custo da matéria prima, produção, envio e embalagem está sendo superado na venda?
1. Compreender quem faz parte
Precisamos entender quem são os STAKEHOLDERS (pessoas/organismos partes da operação toda), que são principalmente: o fornecedor da matéria-prima, o produtor, o vendedor, o comprador e, obviamente, o planeta, que cria os recursos básicos para tudo o que acontece.
Se você é uma eupresa e faz a maior parte dos papéis, calcula tudo pensando nisso. É uma pessoa só, mas ainda são várias funções, ok?
Para ser justo realmente, precisa ser justo com todos os organismos dentro desse ecossistema, ou seja, todos os interessados.
2. Olhar para o seu mercado de atuação
É interessante também a gente OLHAR PARA O MERCADO, mas não de forma ingênua e sim com um olhar apurado para os detalhes.
Se você pega 2 empresas para comparar serviços/produtos e preços em relação ao que você oferece, não basta olhar o preço, precisa ver como é esse produto, o que ela oferece de valor, que transformações ela gera, quais são os diferenciais… Tudo conta no final.
Em marketing a gente chama isso de análise de benchmarks, onde a gente compara empresas do mesmo segmento ou nichos parecidos – não só em relação ao preço, mas POSICIONAMENTO de forma geral.
3. Identificar o que consta no preço
É preciso considerar tudo o que envolve custos na entrega do teu produto ou serviço.
Para produto, pode ser mais fácil de calcular: matéria-prima, deslocamento, produtores, custos de produção, embalagem, envio, energia elétrica envolvida, aluguel do espaço físico, etc.
Para serviços, às vezes a gente pode pensar que “não está usando nada” além do nosso tempo, mas vamos olhar com mais calma pra isso. Aqui, por exemplo, tem energia elétrica, tem impressão e cartucho de tinta, tem internet, tem software de design, isso sem contar os cursos e livros envolvidos no conhecimento da área ou até mesmo o aluguel.
Um fator importante que acaba sendo isolado do cálculo é a comunicação. Sem a comunicação você não vende, ou seja, é necessário para divulgar seu produto ou serviço. E se é necessário, entra no custo.
Envolve uma série de coisas que vale a pena tirar um tempo para calcular quanto sai e perceber o alinhamento do preço com tudo isso e até mesmo sentir mais confiança em colocar X preço.
Comece pelo mínimo
Se você cobra muito pouco ou ainda não começou, o ideal é começar do começo: cobrar o mínimo para suprir os custos.
Por aqui a gente começou assim, conforme a Lai explicou na LIVE.
Nós oferecemos um serviço de social media para uma empresa local, antes da existência da Direção, que custava R$400/mês, muito abaixo da média do mercado, mas foi pra ganhar segurança na interação com os clientes, melhorar o serviço e custear os gastos básicos, beeem básicos, para desenvolver o trabalho. Detalhe: na época, não pagávamos aluguel.
Pouco a pouco isso vai mudando e você encontra um PONTO DE EQUILÍBRIO, onde a receita é igual às despesas.
Ou seja, você recebe aquilo que precisa pra pagar tudinho. Porém, a partir daí o objetivo é lucrar.
Você precisa lucrar, entenda isso.
Sobre o lucro, precisamos ressignificar crenças, já vou dizendo.
Empresas precisam lucrar e eu vou te explicar porquê.
Você precisa lucrar para melhorar um serviço, para melhorar um produto, para expandir mais a marca, para contratar alguém, para doar uma parcela a uma ONG, sei lá, qualquer coisa boa que você queira fazer por aí vai demandar dinheiros, então esteja ciente disso.
Lucro não é uma coisa ruim e esse tipo de pensamento nos bloqueia muito, busque ressignificar isso dentro de você e entender que prosperidade de empresa envolve ir um tanto além dos custos básicos. E isso é um processo!
Reserva financeira: check!
É ideal que qualquer pessoa física & jurídica tenha uma reserva financeira, ou seja, sua marca precisa ter uma graninha guardada pra emergências, porque elas virão.
Como uma pandemia global, por exemplo. Que marcas estavam preparadas pra enfrentar isso? Aquelas que tinham reserva, aquelas que lucraram antes pra conseguirem guardar uma parcela e até mesmo reinvestir.
Custo de produção baixo: cuidado.
Toma cuidado: um custo muito baixo de produção pode ser ruim!
Pode ser que isso signifique matéria-prima de baixa qualidade ou um fornecedor de baixa confiança em relação à extração dos recursos.
Existe uma crença social de que produto barato é ruim e produto caro é bom e pra além das crenças, tem essa questão de quanto custa pra produzir e é algo importante de levar em consideração.
Às vezes oferecer algo por um preço muito baixo também não gera VALORIZAÇÃO por parte de quem compra.
Um exemplo: minha sogra comprou uma botinha pro meu filho de presente numa loja de 10,00. Mas como ela comprou em outra cidade, já aproveitou e comprou duas, uma de cada tamanho, porque achou que podia não servir. Pois é...
Uma delas não serviu e agora estamos com essa botinha aqui, sem saber o que fazer, o botão já estragou sem a criança nem usar. O produto era de baixa qualidade e quem comprou, nem valorizou porque o preço era baixo também.
Então, isso é o oposto disso que nós estamos buscando aqui: qualificar produtos e serviços e oferecer um preço coerente pra todos. Bom, continuamos nessa jornada.
Aproveito para reforçar: Criar conteúdo assim dá trabalho, então VALORIZE as pessoas das quais você consome.
Conheça o trabalho da Lai no insta @oxentelai que ela faz um trabalho incrível de conscientização financeira!
E também deixo aqui o link desse vídeo onde falo sobre esse tema aprofundando na pesquisa de mercado:
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Quem escreveu esse artigo?
Késsile Tanski, sócia fundadora da Direção, comunicadora, empreendedora, criadora de conteúdo, mãe de dois e entusiasta do slowliving :) Buscando a consciência em todas as áreas da vida.
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