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Foto do escritorKéssile Tanski

Clubhouse, conexões humanas e a cultura da pressa.

Atualizado: 29 de jul. de 2022

Antes de escrever esse artigo, eu refleti muito sobre alguns discursos sobre o Clubhouse. Vamos começar do começo e logo você vai entender porque eu sentei pra falar sobre isso. Te peço paciência para navegar em uma reflexão comigo até chegar no ponto que importa, vamos?


Clubhouse é uma rede social que chegou no Brasil agora onde as interações acontecem exclusivamente por áudio. Ou seja, são salas de bate-papo com temas definidos onde as pessoas entram e conversam sobre.





O ponto que eu quero trazer aqui não é técnico, mas sim reflexivo, até porque esse não vai ser um artigo voltado para as funcionalidades do aplicativo. Mas antes, preciso passar por algumas coisas básicas.


Não é produção de conteúdo, é conexão.


Partindo desse ponto, eu achei maravilhoso. Estamos todos ansiando por um lugar para se conectar entre pessoas, fortalecer ou fazer novos contatos relevantes e principalmente espairecer da quantidade massiva de conteúdos, com pausas para boas conversas.


A coisa que mais queremos é nos conectar com pessoas. Não importa onde, mas quanto mais direto - humano com humano - melhor.


Nós queremos participar, pertencer, falar o que pensamos, sermos ouvidos. Queremos conexão além do like.


Só tem um detalhe: a rede social só permite entrada por convite e apenas para iOS, por enquanto.


Exclusividade como estratégia


Cada pessoa que entra (com convite), recebe dois convites e se torna responsável por quem colocou dentro. Então, se o convidado for banido por alguma razão, quem convidou também é banido.


Em resumo geral, a estratégia da exclusividade dos convites, do sistema iOS, deve ser por alguns motivos: buzz marketing (muita gente falando sobre e por isso a divulgação acontece naturalmente, já tem mais de 600 mil pessoas utilizando o aplicativo), e estratégia de aceitação do público.







Consequências da conexão entre inovação e cultura da pressa


Boas conversas levam tempo, mas a tecnologia é rápida. E nessa velocidade acelerada, vi vários discursos do tipo "quem chega antes bebe água limpa".


FOMO - medo de estar perdendo algo


Esse posicionamento, instintivo em relação à estratégia de exclusividade, reforça alguns padrões de comportamento como o FOMO - fear of missing out (medo de estar perdendo algo), que já foi bastante intenso desde o início da pandemia.


A ansiedade gerada por não ter nenhum convite ou não ter um iPhone para poder acessar o app está refletida em vários comentários "me convida" em qualquer publicação sobre o assunto.


Eu mesma não tenho iOS e fiquei com vontade de entrar, porque gosto muito da ideia de um espaço para diálogos e não apenas para criação de conteúdo unilateral.


Se questione: você não precisa estar em todos os lugares.


Entretanto, te pergunto: por que você quer entrar no Clubhouse? Faz sentido para a sua marca? Você se sente ficando para trás?


A conversa aqui podia ser longa - quem sabe um dia, num bate-papo dentro do próprio aplicativo, rs - porque falar da sensação de ficar para trás tem muito a ver com a cultura da pressa.


Você precisa correr, porque tudo anda rápido demais e o sentimento de insuficiência é constante. As bolhas sociais e a desigualdade acabam sendo reforçadas por situações desse tipo, afinal só quem tem acesso à contatos ou recursos (iOS) tem possibilidade de desfrutar dessa novidade.


Então o resto fica no desejo, na depreciação e na insatisfação com o que já tem.


Muitas redes novas vão surgir


Não me parece uma novidade tão grande uma nova rede social surgir, porque a necessidade de espaços diferenciados, com outras propostas, já é muito grande. O Instagram não comporta tudo o que queremos falar, nem LinkedIn, nem Youtube.


As demandas humanas são enormes, principalmente por trocas sinceras de crescimento mútuo, além do post do dia.

Sabendo disso, essa é uma etapa, uma nova rede. Daqui a pouco surgem outras e eu finalizo esse artigo te trazendo uma última reflexão sobre isso.


As novidades vão continuar surgindo. Você quer continuar sentindo essa ansiedade a cada mudança?



mulher olhando fixamente para frente, com olhar de força


Entenda as suas prioridades de negócio


Se vai ser bom pra você entrar no Clubhouse ou qualquer outra, ok, então se articule para isso. Se não vai ser tão relevante nesse momento, siga no seu ritmo e entenda que sua prioridade é outra.


Sugestões de livros para entender melhor ou se aprofundar nesse pensamento:

In Praise of Slow - Carl Honoré

Minimalismo Digital - Cal Newport


Você gostou dessa reflexão? Deixe um comentário e acompanhe nosso canal no YouTube, onde você pode sugerir novos temas.


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Quem escreveu esse artigo?

Késsile Tanski, sócia fundadora da Direção, comunicadora, empreendedora, criadora de conteúdo, mãe de dois e entusiasta do slowliving :) Buscando a consciência em todas as áreas da vida.

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